Guebuza e sua equipe anunciam 50% de aumento de preços para gêneros de primeira necessidade (luz, pão, entre outros).
Moçambicanos começam a mandar SMS convocando a população para ir às ruas protestar.
População se aglomera próximo ao aeroporto de Maputo, queimando pneus e saqueando lojas em busca de alimentos.
Polícia intervém inicialmente com balas de borracha.
As balas de borracha acabam.
Polícia começa a soltar tiros de verdade para conter a população.
Oficialmente, seriam 13 mortos e 140 feridos, mas o fato é que não há números exatos, dizem que foram muito mais de 13 mortos. Guebuza e sua equipe retrocedem e apresentam novas propostas de subsídios governamentais para evitar aumentos de 50% incluindo corte de benefícios e aumentos de salários dos próprios governantes.
Este episódio demonstra algo que é latente, em meu ponto de vista, em Moçambique .... o DESPREPARO. Governo despreparado para tomar decisões. Povo despreparado para protestar por seus direitos. Polícia despreparada para realizar seu trabalho. Despreparo, despreparo, despreparo. Vivencio este despreparo todos os dias, nas mais pequenas coisas. Não é falta de vontade. Não é preguiça. É despreparo mesmo.
Além disto, concluo que a sensação de estabilidade que eu tinha em Moçambique era falsa. De fato, fui eu mesma quem criou esta farsa. Os governos, as economias, as pessoas são instáveis em qualquer lugar do mundo. Como já relatei neste blog, o genocídio em Ruanda teve início apenas 24 horas após o assassinato do presidente daquele país. Me parece que, quando estamos em nosso país de origem, é mais fácil lidarmos com as instabilidades que possam ocorrer (e que, com certeza, ocorrem) pelo próprio sentimento de pertencimento a uma nação.
De qualquer maneira, quando estamos há tempos em um lugar, acabamos nos sentindo parte dele. Quando cheguei em casa, um rapaz moçambicano que presta serviços aqui no condomínio me saudou dizendo: “Bem vindos a sua segunda casa. Depois de tanto tempo aqui já devem se considerar moçambicanos, não é?” Respondi que sim. Estamos aqui há quase 2 anos, pagamos impostos, fazemos a economia crescer, oferecemos emprego e amparo a alguns membros da sociedade .... Sim. Somos, de certa forma, moçambicanos....
De fato, somos como aqueles primos do interior que vêm fazer faculdade na cidade grande e ficam na casa de uma tia por uns 3 ou 4 anos... no início somos apenas visita, mas com o passar do tempo acabamos nos sentindo mais em casa, dando opiniões na sistemática da família, reclamando da comida e, até mesmo, dando uns amassos na prima.
Links com notícias sobre os acontecimentos de 01 e 02 de setembro:
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYvgxAAW3ZuNwbC0hjUUhywAVWgKJxRM_cnAO7T-VSt2UH_yzSe2Mj7QFKHLKUrbwFS_8gSeEIf8MPeKvOy8VI9J7g_D7KPxesm85DHMIGM8BzS8W-_QFYA6KxBPlTtEEdaqt8zaIFM42W/s1600/maputo+5.jpg&imgrefurl=http://desigualdadedireitos.blogspot.com/2010/09/motim-nas-ruas-de-maputo-1-de-setembro.html&usg=__Aa68s62xdFUQsLG5FYXVQS8nEFo=&h=435&w=569&sz=77&hl=pt-BR&start=14&zoom=1&itbs=1&tbnid=FF7LhRO3fN2xsM:&tbnh=102&tbnw=134&prev=/images%3Fq%3Dmaputo%2Bsetembro%2Bmanifesta%25C3%25A7%25C3%25B5es%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG%26gbv%3D2%26tbs%3Disch:1