domingo, 29 de novembro de 2009

As mulheres moçambicanas e o amor

Me parece que as mulheres moçambicanas estão desiludidas com o amor. Vamos aos três casos mais próximos Dona P, Dona R e Dona J que trabalham na limpeza das casas aqui do condomínio onde moro.
Dona P. tem 29 anos mas sua patroa diz que ela é apenas uma adolescente de 15 anos cujos sonhos já foram destroçados. Casou cedo, teve 2 filhos e, como a maioria das mulheres daqui, foi abandonada pelo marido que saiu e nunca nem olhou pra trás, deixando a mulher e os filhos a própria sorte. Após arrumar este emprego, sua vida começou a melhorar e hoje ela está dando conta de criar os filhos e seguir com sua vida. Alguns dias atrás, o ex-marido passou por ela de moto e vendo que ela estava bem vestida e com um aspecto feliz, parou e mandou subir na moto ... ela disse NÃO e ele ficou furioso. Fez bem ela!!!! Mas quando foi comentar o episódio disse algo muito triste. Disse que prefere ficar sozinha porque tem medo dos homens.... eles só querem se aproveitar das mulheres, fazer filhos nelas e depois abandoná-las.
Dona R. tem mais de 30 anos, está separada do primeiro marido e tem dois filhos. Estes dias não pude evitar de perceber a barriga saliente e quando perguntei a ela, ela sorriu sem graça e confirmou que estava grávida. Parece que é de um homem casado que vive na capital do país. Mais um moçambicano a ser criado sem pai. Quando perguntei a ela sobre o que ela estava planejando em relação a chegada do bebê, pude ver em seus olhos que o verbo "planejar" não faz nenhum sentido pra ela. Tentei ser mais específica questionando que se ela quiser continuar a trabalhar, alguém terá que cuidar do bebê. A resposta veio no tempo verbal mais usado pelos moçambicanos: "Há de haver alguém pra cuidar, Senhora".
No terceiro caso, Dona J. tem 6 filhos e o marido caiu na estrada, foi embora e deixou toda a responsabilidade em suas costas .... 6 filhos. Sem mais comentários.
Fiquei sabendo de um outro caso de uma colega de outro país africano que mora aqui na cidade. O marido escondeu os passaportes dela e dos filhos para que ela não consiga fugir dos maus tratos que ele impõe a ela.
Uma amiga missionária diz que bater nas esposas, apesar de ser contra a lei, é algo aceito pela sociedade em geral, especialmente nas classes menos favorecidas. Nas igrejas, o fim da violência contra as mulheres é um tema recorrente, mas a repercução do discurso na realidade das famílias ainda não é eficaz.
Creio que o Brasil esteja mais estruturado em relação a isto. Temos delegacias especiais para receber mulheres, casas de apoio, entre outros. Em Moçambique, ainda há um longo caminho a percorrer.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os nomes e o calor moçambicanos

Os moçambicanos gostam de dar nomes aos seus filhos que lembram coisas do seu dia a dia, comemorações ou utensílios domésticos. Já conhecemos: Sr Alface, Sr Colher, Sr Felicidade, Sr Whisky, Sr Cadeado, Dona Pascoa, entre outros.
Mas o mais 'pitoresco' ficou por conta de uma família que conheci recentemente ... é um casal que ficou famoso por serem os primeiros moradores a ocupar as casas em um reassentamento que ocorre na cidade. Lá chegaram eles, o casal e os filhos na casa nova, tudo limpinho, novinho, em um dia de calor de mais de 40 graus. Após a cerimônia, foram para casa em busca de sombra, mas as árvores ainda estão pequenas e só tem a sombra do estendal para sementes, que na verdade deve ser um local ainda mais quente por causa da lona.
Quando cheguei lá, foram me apresentar esta família e perguntei o nome da esposa e me responderam: "Dona Assada". Olhando a mulher sentada no chão, naquele calor, embaixo da lona não pude deixar de pensar que era uma piada ... mas não, é a família dos Assados, Sr Assado e esposa. Só por Jesus!!!!

Falando em calor, estávamos tentando achar palavras pra descrever o calor que faz aqui em Tete. Insuportável, terrível, medonho, enlouquecedor ... são palavras que não são boas o bastante para descrever o que acontece aqui. Aí uma amiga me disse que uma conhecida dela disse que o calor estava ensurdecedor .... adorei!!!!!!!!!!!! adorei!!!!!!!!! Calor ensurdecedor !!!!
Não poderia haver uma palavra mais inapropriada que faz todo o sentido neste contexto.
Para provar o calor de Tete ... veja na foto a tempetura dentro do carro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Visitando as escolas em Tete


Logo depois que cheguei em Tete, comecei a participar de alguns encontros do Fórum de Parceiros na qual foi criada uma Comissão de Ensino e Formação da Província. Em um destes encontros, decidiu-se que seria interessante fazer um cronograma de visitas a algumas instituições de ensino na cidade para conhecer a realidade em loco e sugerir possíveis intervenções da Comissão. Me ofereci a participar das visitas e lá fomos nós .... eu ao volante (perigo constante !!!! ainda mais com tração nas 4 rodas), a colega Adriane ao meu lado e o Sr Kambanizithe (funcionário da Direcção Provincial) dando os direcionamentos ..... nos aventurando pelos bairros de Tete.

Primeiro tive que entender como funciona o currículo moçambicano. A Educação Básica em Moçambique é composta por 7 classes organizadas em 2 graus. O 1º. Grau está divido em 2 ciclos, sendo o 1º Ciclo correspondente às 1ª e 2ª classes e o 2º. Ciclo correspondente às 3ª, 4ª e 5ª classes. O segundo grau corresponde as 6ª e 7ª classes. Por sua vez, o ensino secundário moçambicano compreende as 8ª., 9ª., 10ª., 11ª e 12ª classes.

Visitamos as seguintes instituições: Escola Industrial Dom Bosco, Escola Industrial de Tete, Escola Primária Completa Josina Machel, Escola Secundária de Tete, Escola Primária e Secundária Mateus Sansão Mutemba e Centro de Formação de Saúde. Em cada uma delas, vivenciamos realidades diversas. Conhecemos instituições com excelentes cursos e infra-estrutura; resultante de um gerenciamento eficiente dos amplos recursos vindos do exterior. Por outro lado, conhecemos instituições de ensino abandonadas a sua própria sorte, sem receber recursos do governo para pagar as despesas básicas de água, luz e papelaria há mais de 6 meses.

De tudo que presenciei, me chamou atenção uma turma de alfabetização de adultos que visitamos nas proximidades da Escola Mateus Sansão Mutemba. A ‘sala de aula’ era na verdade improvisada dentro de uma pequena igreja. Quando entramos vimos o quadro de giz no chão e os alunos sentados em pedras. O calor era insuportável (pelo menos pra nós, visitantes branquelas), mas ficamos empolgadas em conhecer aquelas mulheres que passavam suas tardes buscando a alfabetização, buscando o conhecimento.

A professora, uma moça jovem e bonita, nos explicou sobre o processo de alfabetização bilíngüe. Descobrimos que o trabalho que ela faz é voluntário, há apenas uma ajuda de custo por mês que seria de aproximadamente 50 reais. Por fim, quando perguntadas se gostariam de dizer algo, uma aluna ergueu a mão, na hora pensei que ela iria reivindicar melhores condições, mas ela apenas nos agradeceu e disse para fazermos o que fosse possível para que aquele programa de alfabetização continuasse a existir.

Pensei em todas as oportunidades de estudo que tive: as escolas particulares nas quais estudei, os caríssimos materiais que encapava antes do ínicio das aulas, a graduação, a especialização, o mestrado e o doutorado e, diante disto tudo que me foi propiciado, me senti pequena diante da grandeza daquele pedido.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Kwatchena - uma experiência sócio-histórica-cultural

Na cidade de Tete, há um local de compras muito famoso que se chama KWATCHENA. Uma missionária me disse que este nome surgiu com uma mulher que logo cedo passava nas casas e gritava 'Kwatchena, Kwatchena' que significaria 'Hora de ir as compras'. Não sei se é esta mesmo a tradução porque com certeza devem haver outras versões para esta história.
Visitar o Kwatchena é, sem dúvida, uma experiência cultural bastante intensa e um prato cheio para estudos antropológicos e sociais. Lá tem de tudo, frutas, verduras, roupas, móveis, artesanato, cabelereiro, Dvds e Cds piratas, cabelereiro, calçados, capulanas .... é um festival de cores e de marcas. A produção agrícola vem das machambas das famílias moçambicanas e são produtos frescos, sem contaminação química.
O que mais me chamou atenção foi o vendedor de ratoeiras. O pessoal diz que depois de capturados, os ratinhos são engordados e viram churrasco, mas eu prefiro acreditar que isto é lenda moçambicana.

Eleições presidenciais - Impressões de uma estrangeira

Hoje, 28 de outubro, é dia de eleições presidenciais em Moçambique. Como estrangeira, é impossível não tecer comparações entre o clima de eleições no Brasil e aqui. Apesar de não assistir ao canal nacional de televisão e ter pouco acesso aos jornais locais, vou comentar sobre minhas impressões ao andar pelas ruas de Tete e ao ouvir algumas conversas.
No último mês, a cidade foi invadida por cartazes, panfletos e carros com bandeiras de partido. Até aí, tudo igual ao Brasil. Mas comecei a reparar que todo este material de campanha é do mesmo candidato, o presidente que se encontra no poder atualmente. Comecei a procurar material de campanha de outros candidatos, prestando atenção nos cartazes, mas nada.
Brasileiros menos atentos chegaram a comentar sobre os candidatos Guebuza e Frelimo em virtude dos cartazes fixados na ponte, mas na verdade o atual Presidente Guebuza concorre pelo partido Frelimo.
Achei que poderia ser uma coincidencia, que a cidade fosse um reduto do referido candidato, mas qual não foi minha surpresa quando li as notícias recentes do blog http://macua.blogs.com/moambique_para_todos e descobri que há uma grande chance de nem mesmo os moçambicanos saberem quem são os candidatos às eleições presidenciais, uma vez que a suposta lista não foi publicada (leia abaixo).
Bom, talvez a história possa nos ajudar a compreender esta situação. Segundo a wikipedia, a penetração portuguesa em Moçambique teve início no século XVI, mas em 1885 se transformou numa ocupação militar, com a submissão total dos estados ali existentes, levando, no início do século XX, a uma verdadeira administração colonial. Depois de uma guerra de libertação que durou cerca de 10 anos, Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975, na sequência da Revolução dos Cravos, a seguir à qual o governo português assinou com a Frelimo os Acordos de Lusaka. Após a independência, com a denominação de República Popular de Moçambique, foi instituído no país um regime socialista de partido único, cuja base de sustentação política e econômica se viria a degradar progressivamente até à abertura feita nos anos de 1986-1987, quando foram assinados acordos com o Banco Mundial e FMI. A abertura do regime foi ditada pela crise econômica em que o país se encontrava, pelo desencanto popular com as políticas de cunho socialista e pelas consequências insuportáveis da guerra civil que o país atravessou entre 1976 e 1992.
Na sequência do Acordo Geral de Paz, assinado entre os presidentes de Moçambique e da Renamo, o país assumiu o pluripartidarismo, tendo tido as primeiras eleições com a participação de vários partidos em 1994. Moçambique é uma República Presidencialista cujo governo é indicado pelo partido político com maioria parlamentar. As eleições são realizadas a cada cinco anos. A Frelimo foi o movimento que lutou pela libertação desde o início da década de sessenta. Após a independência, passou a controlar exclusivamente o poder, aliada a seus antigos aliados comunistas, em oposição aos estados brancos vizinhos segregacionistas, África do Sul e Rodésia, que apoiaram elementos brancos recolonizadores e guerrilhas internas, situação esta que viria a se transformar em uma guerra civil de 16 anos. Samora Machel foi o primeiro presidente de Moçambique independente e ocupou este cargo até à sua morte em 1986.
A Frelimo permaneceu no poder até os dias atuais, tendo ganho por três vezes as eleições multi-partidárias realizadas em 1994, 1999 e 2004, mesmo com acusações de fraudes. A Renamo é o principal partido e a única força política de oposição com representatividade parlamentar.
Resumindo, séculos de colonialismo, dez anos de guerra para se tornar independente, regime socialista por mais dez anos, quinze anos de guerra civil, eleições multipartidárias só a partir de 1994, acusações de fraude ..... Bom, a história realmente explica muito.
A Dona Rosa veio trabalhar hoje. Disse que não é obrigada a votar e, como teve que faltar estes dias, viria compensar hoje. Todas estas informações me levam a pensar que o PT adoraria concorrer às eleições aqui em Moçambique ... se já estivessem no poder, claro.




Não há listas de candidatos
Escrito por CIP/AWEPA Terça, 27 Outubro 2009
A Comissão Nacional de Eleições ainda não publicou a lista dos candidatos para as eleições de amanhã. Para a Assembleia da República, publicou os partidos que concorrem por província mas não os nomes dos candidatos que estão nas listas dos partidos. Para as assembleias provinciais, nem mesmo publicou as listas de partidos que estão a competir em cada distrito e, assim, os eleitores só vão descobrir as suas opções quando receberem os boletins de voto.
Além de uma falta de informação básica, há na realidade alguma confusão. Algumas listas afixadas do lado de fora da sede da CNE em Maputo parecem conter demasiado poucos candidatos e não é claro se estas listas foram autorizadas a ir avante.
Embora nunca tenha sido formalmente publicada uma lista de que partidos estão em competição e em que distritos, a CNE está a distribuir uma lista por aqueles que as requisitam. A lista que vai em baixo é a lista corrigida.
A lista que foi publicada no Boletim 4 de 15 de Setembro estava baseada em listas de candidatos afixadas fora da CNE em 13 de Setembro. A lista que se segue, revista, é significativamente diferente, com a Frelimo agora presente em todos os distritos e a Renamo em competição em muitos distritos de Nampula.
Isto significa que as listas finais deviam ter sido afixadas depois de 13 de Setembro, mais de uma semana sobre a data estabelecida pela lei.
@VERDADE – 27.10.2009
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Superando a fase do 'pitoresco'

Algo já me dizia que era muito cedo para visitar o Brasil e depois encarar a realidade de Tete.
No Brasil correu tudo bem, revi os familiares, os amigos, apesar de que não dá pra fazer tudo em tão pouco tempo e algumas pessoas acabam ficando chateadas que não demos a atenção desejada. O melhor é que comi feijoada, churrasco e cerveja brasileira.
Antes da viagem de férias, eu ainda estava naquela fase inicial de quem se encontra fora do seu país... fase em que julgamos que tudo é pitoresco (interessante, inusitado, curioso, diferente) ... via uma mulher carregando 50 Kilos de lenha na cabeça e um criança nas costas ... e pensava... "Nossa, que diferente, que interessante este hábito... que pitoresco!!!!". Via o pessoal atravessando a ponte pra ir trabalhar e pensava: "Puxa, que inusitado, atravessar uma ponte todo dia, ver o rio Zambeze, suas ilhotas e o voo dos pássaros".
14 horas de voo no total, somado ao fuso de 5 horas a mais, a clima quente, seco, poerento, o corpo doendo, os sintomas de gripe e uma dor de garganta que não passa devem ser o motivo desta fase pitoresca ter passado e do início da minha nova fase chamada... Tolerância zero.......pois agora ao ver a mesma mulher carregando lenha e criança eu penso: "Cadê o desocupado do marido desta mulher pra ajudá-la com estas coisas?" ou em relação a ponte penso: "Puta m. que saco ficar 45 minutos parada nesta ponte olhando este monte de gente que vai e vem, vai e vem, vai e vem...."
Bom, vamos tocando o barco. Quem sabe quando a dor de garganta passar eu volte a achar tudo pitoresco?


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Red Dust - sugestão de filme


A história de Red Dust ocorre em Smitsriver, Africa do Sul há quatro anos atrás e está relacionada à Comissão da Verdade e da Reconciliação que naquele momento estava viajando pelo país conduzindo audições sobre as atrocidades cometidas no regime apartheid.
Esta comissão funcionava mais ou menos assim: os torturadores deveriam confessar seus crimes perante a comissão, o agredido e perante ao público. Esta confissão daria ao agressor o direito de estar livre e voltar ao seu país de origem... seria quase um julgamento as avessas... confessa o crime e é libertado. É claro que as audições da Comissão trazem a tona momentos de conflito e revolta abrindo cicatrizes que se julgavam cicatrizadas. O filme é involvente e traz uma mensagem poderosa.


sábado, 15 de agosto de 2009

Eles tem fome de que?

Do que o povo tem fome? Creio que não seja só de comida. O povo moçambicano não é diferente de nenhum outro povo. Eles tem fome de cultura, eles tem fome de diversão, de conhecimento, de oportunidades, de motivos para festejar ... Ao ouvir a música de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto (abaixo) penso que o que vivencio aqui não é muito diferente do que acontece em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador .... O povo tem fome .... e o governo tem a obrigação de oferecer condições para esta fome seja saciada através do trabalho.


Comida
(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto)
bebida é água.comida é pasto.você tem sede de quê?você tem fome de quê?a gente não quer só comida,a gente quer comida, diversão e arte.a gente não quer só comida,a gente quer saída para qualquer partea gente não quer só comida,a gente quer bebida, diversão, balé.a gente não quer só comida,a gente quer a vida como a vida quer.bebida é água.comida é pasto.você tem sede de quê?você tem fome de quê?a gente não quer só comer,a gente quer comer e quer fazer amor.a gente não quer só comer,a gente quer prazer pra aliviar a dor.a gente não quer só dinheiro,a gente quer dinheiro e felicidade.a gente não quer só dinheiro,a gente quer inteiro e não pela metade.bebida é água.comida é pasto.você tem sede de quê?você tem fome de quê?

Cahora Basa


A 1h30min de Tete, existe um local maravilhoso chamado Cahora Bassa, uma hidrelétrica construída na década de 70. Esta é a vista da barragem. É realmente de tirar o fôlego !!!!!!! Me faz pensar nas maravilhas que Deus é capaz de fazer com uma ajudinha da inteligência humana. Após 1h em um barco a motor, finalmente avistamos as "orelhinhas" dos hipopótamos. Não dá pra ver muito, mas é emocionante poder vê-los em seu habitat natural e não tristonhos em jaulas apertadas no zoo. Na volta, paramos perto de uma canoa e "compramos" nosso almoço... um peixão suculento que foi assado no Tiger Lodge.
VALE A PENA CONHECER!!!!!
Mais informações em

KRUEGER - O primeiro Safari


Na África do Sul está localizado o “Kruger National Park”, com cerca de 2.000 Km de estrada e 6 rios permanentes. Saímos de Maputo (capital de Moçambique) e duas horas depois estávamos no Pestana Krueger, um lodge a apenas 150 metros da porta Sul mais importante do Kruger –Malelane Gate. Chegamos, tomamos um lanche e já saímos para um safari noturno. As pessoas nos disseram que um safari é uma questão de sorte, e que é preciso vários safaris para observar de perto os “5 grandes de África” – Leão, Leopardo, Elefante, Búfalo e Rinoceronte. Entramos no parque e cinco minutos depois avistamos aquele que todos querem ver : O LEÃO. Não só avistamos mas também o ouvimos rugindo chamando a fêmea e quando esta apareceu no fim da estrada, o leão passou pertinho do carro onde estávamos e foi atrás dela. MUITO EMOCIONANTE ver um animal destes em seu habitat natural, sem grades, sem jaulas, sendo livre e feliz. Vimos também: búfalos, elefantes, girafas (bem de longe), zebras e javalis (vários Pumbas!!!! são super engraçados), crocodilhos e vários pássaros exóticos. O filhão ficou muito entusiasmado... fiquei lembrando da minha infância e pensando que meu filho está tendo uma infância muita extraordinária, imerso em situações em que eu mesma nunca esperava estar. Tomara que isto renda frutos. Resumindo FOMOS OS SORTUDOS DO SAFARI, só faltou o leopardo.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Trânsito em Tete

O mais difícil em Tete é o trânsito. Nem um motorista de taxi de Nova Iorque está preparado pra enfrentar isto aqui. É uma zona, e o pior, mata!!!!
As 'chapas' são veículos de 15 lugares que levam as pessoas e seus pertences pra lá e pra cá. As vezes é difícil distinguir quantas pessoas há dentro de uma 'chapa' e como eles conseguem prender tantas coisas no teto da van. Além das 'chapas', há muitas bicicletas circulando. Um dia o trânsito estava bem lento, tudo bem parado . Na minha frente uma bicicleta com um bode amarrado na garupa .... e o trânsito não andava.... nem a bicicleta andava.... comecei a pensar na má sorte daquele pobre bode que tinha perdido a vida e estava estirado na garupa de uma bicicleta sob um calor escaldante.... assim que pensei isto, o bode ergue a cabeça, olha bem pra mim e berra MÉÉÉÉÉ.... quase tive um enfarto... ai que susto... o bicho tava vivo.

A benfeitora sem noção

Bom, nunca consigo ficar com moedas.... os meninos pedem e eu acabo dando. Mas em uma conversa e outra acabei prometendo dar um uniforme escolar pra uns dos meninos de rua ... o Américo, que já era conhecido do maridão .... ele queria que eu desse o dinheiro, eu disse que não, que era pra ele descobrir onde comprava a farda que eu iria lá com ele e compraria.... passou um tempo, dei de cara com ele e claro ele me cobrou.... tia, farda, tia!!!!! Eu estava com tempo e perguntei ... Sabe onde compra? Ele respondeu Sim patroa!!!! E eu disse: Vamos lá!!!! Gentem, eu sou mesmo do tipo que dá trabalho pro anjo da guarda .... desta vez eu entrei onde nenhum branco entrou sozinho.... bom, o povo me olhava como se eu fosse um alien..... e eu ainda tava de salto neste dia.... nem dá pra descrever o local .... mas eu comecei a rezar... “Santo Anjo do Senhor”.... o Américo foi me levando num meio de barracas e casas caindo aos pedaços... Bom, resumindo, deu tudo certo... conheci o Samuel, alfaiate aqui em Tete.... gente boa .... voltei pro carro e prometi não prometer mais nada pra ninguém

Matemática Moçambicana

Chegamos ao restaurante e perguntamos: Quantos pedaços tem a pizza? O rapaz responde: Quantos pedaços o cozinheiro cortar. SEM COMENTÁRIOS

Churrasco na casa da vizinha

Cheguei de carro na casa da vizinha e na quintal da casa dela estava um caminhãozinho com dois bois em cima.... eles mugiam: MUUUUUUU, MUUUUUU e eu falava ... ai que boizinho bonitinho! Bom, fizemos o passeio e fui deixar ela de volta em casa, quando entrei no quintal, um dos boizinhos estava no chão ... a cabeça dele cortada ..... o couro saindo .... e a picanha, contra-filé, maminha.... tudo se revelando na minha frente .... uma sanguera em um toldo amarelo. Chegou o pai dela, muçulmano, que só come carne se ele mesmo matar o animal e fazer as orações, nos convidando pro churrasco .... olhei pro boizinho e disse... claro, nos vemos mais tarde.

Os aventureiros sem noção


Como os amigos já sabem, o meu marido não é exatamente um super esportista e meu filho é uma criança criada em apartamento. Mas os dois na África se transformam nos AVENTUREIROS SEM NOÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Verdadeiros super heróis que extrapolam os limites e me deixam louca. A primeira aventura da nossa dupla de heróis foi um super rali off road.... lá foram eles, com o filhão dirigindo (ele era o responsável pelo volante da caminhonete) no colo do Adriano (que só freava e acelerava e trocava as marchas). Eu, a super ajudante dos super AVENTUREIROS SEM NOÇÃO... só ficava gritando e falando que não ia dar certo. Mas nossos super heróis queriam mais emoção. Não bastava dirigir no terreno cheio de buracos e com tres pontes minúsculas ... eles ainda tinham que inventar de sair da trilha e andar no meio da savana.... conclusão, um grande e pesado pneu furado. Bom, não contentes com esta aventureira, os AVENTUREIROS SEM NOÇÃO chegaram ao Songo e choram visitar a super barragem, fazer um maravilhoso passeio de barco, ver hipopótamos e comer peixe recém pescado do lago. Mas nossos super heróis queriam mais aventuras .... eles decidiram parar o carro em uma descida que levava a beira do rio para coletar pedras para o jardim. Lá foram eles se aventurando, entre a possibilidade de darem de cara com um crocodilo, uma cobra, uma aranha ou um babuíno..... a super assistente ficou do lado do carro .... tudo corria bem e no último passo de volta para a estrada, nosso super herói marido se desequilibrou e caiu.... só que a pedra que ele carregava caiu em cima do dedão da mão dele.... a super assistente pensou em registrar este momento em vídeo, mas o nosso super herói estava de tão mal humor que não foi possível

A realidade


De dentro do carro, com o ar condicionado ligado, ver a realidade é como assistir um programa da National Geographic ... parece que é coisa de televisão... que não é real. Da nossa casa até a escola são 30 minutos de carro... então dá pra ver mais ou menos como são as coisas... é uma pobreza sem fim... um monte de gente cruzando a ponte de um lado para outro .... carregando crianças nas costas amarrando-as com as capulanas... o adriano diz que parece um kit.... vc vê uma moça jovem e nas costas dela ... uma criança ....Bom, até este sábado eu não tinha visto o pior... o adriano avisou que eu só ia entender se saísse de sábado.... no sábado de manhã... os velhos, na maioria cegos veem a cidade em busca de esmolas... uma criança da família fica responsável pela sua condução pelas ruas.... fui comprar uma tv e ao entrar no carro umas 10 crianças me cercaram dizendo... ajuda tia... ajuda tia... ajuda tia... dei todas as minha moedas e fui embora o mais rápido possível. No mesmo dia passamos na padaria... péssima ideia ir a padaria no sabado.... quando estacionamos umas 4 crianças pediram por comida... o adriano disse que traria ... mas quando saímos da padaria outras crianças viram .. foi um horror ....muito triste Aqui do ladinho de casa, tem uma obra inacabada... seria uma casa, mas não foi acabada .... mora uma família... tem dia que tem umas 5, 6 crianças... tem dia que tem mais .... toda vez que a gente passa, as crianças acenam com a mão... tem um pequenininho lá que é a coisa mais linda do mundo... eu vou roubar menino pra mim....comprei uma caixa com vários pacotes de bolachas, parei o carro e deixei lá com o menino mais velho .... agora quando passo com o carro eles até levantam pra acenar... mas o adriano disse pra não exagerar se não, quando começar o verão .... a seca... eles vão ficar batendo e eu não vou dar conta. O mais difícil aqui é dirigir porque há muitas mortes no transito... tem que tomar um cuidade enorme porque se matar alguem no transito vai preso na hora... mas morre gente todo dia... todo dia mesmo.... Me disseram que eu tinha que comprar um prato, um copo, garfo, faca e colher separados para a Dona Rosa... eu relutei muito... mas hoje cedo acabei comprando.... eu nunca imaginei que um dia teria que fazer isto, mas tenho que pensar na saúde do felipe e da nossa... eu mostrei as coisas a ela e ela ficou feliz... disse ... brigada patroa ... ai meu Deus, ela nem entende o que este meu ato significa Bom, acho que deu pra ter uma idéia ... tenho saudades de tudo ... mas Tete é minha casa agora e de certa forma, eu sei que eu precisava estar aqui

O oasis


Bom, estou mandando notícias perfeitamente instalada na minha casa nova... é super grande... super legal... vcs tem que vir aqui me visitarAgora tenho uma assistente, a Done Rosa, que me chama de patroa .... sim, patroa, obrigada patroa, bom dia patroa... não há o que faça esta mulher parar de falar patroa... ela é muito boazinha e sabe fazer a limpeza porque foi ensinada por uma outra senhora que trabalha na casa de uma brasileira A internet funciona aqui em casa !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Isto é uma maravilha.... hoje retomo a minha tese ... a minha orientadora deve estar dando pulos e não de alegria. Deixamos meu filho na escola hoje cedo ... ele tava com medo, coitadinho... disse que a barriga tava doendo... depois disse que estava com frio... mas a escola é maravilhosa... a sala dele está enfeitada como um circo ... não é uma sala convencional.... se transformou em uma verdadeira tenda de circo... ficou muito lindo .... e pelo pouco que fiquei lá as próprias crianças vão se organizar para dar um suporte a ele em relação a língua ... porque elas também já passaram por isto.... Tem biblioteca, salas interativas, piscina... é um espetáculo. Bom, mesmo sem a mudança a casa está mobiliada porque um gerente top tinha exigido uma casa mobiliada e depois desisitu ... conclusão... ficamos com tudo ... emprestado... mas ficamos ... tem até home theather ... quando nossas coisas chegarem talvez devolveremos ou talvez não.... Nossos carros são ótimos ... o adriano já disse que vai comprar uma caminhonete quando voltar ao Brasil.Há... eu já tô conhecida no comércio de Tete.... aqui não tem mercado... então eu meto a cara mesmo... tem vez que só tem eu de branca no quarteirão inteiro... não tô nem aí... eu entro em tudo quanto é loja ... peço desconto .... e tudo mais ... o povo é pacífico, mas há roubos sim porque eles passam fome ... o que nos leva ao segundo momento deste relato. O maridão está bem no trabalho. Achei sorvete Nestle... leite parmalat.... é um mundo globalizado minha gente !!!!!!!!!!!!