O filme AVATAR, dirigido por James Cameron, é sem sombra de dúvidas um dos melhores filmes dos últimos tempos. Eu adorei. Primeiramente assisti no cinema 3D em Johannesburg. Meu filho adorou a sensação de 'estar' na floresta de Pandora, o mundo alienígena que o diretor imaginou, na qual cada planta, cada criatura, cada ecossistema parecem reais.
Cada pessoa que assiste o filme acaba vendo através de suas próprias 'lentes', através daquilo que lhe faz sentido. Muitos se surpreendem com os avanços tecnológicos que tornaram possível tanta 'humanidade' em personagens que são computadorizados, outros, como eu, relacionam os acontecimentos com os problemas sociais que as vezes estão muito, muito próximos de nós.
Em Pandora, vive os Na´Vi, a raça inteligente do lugar, que são organizados em clãs. Difícil não relacioná-los aos povos indígenas na época dos grandes descobrimentos marítimos e também com o povo africano nos tempos de colonização e agora, em tempos de exploração mineral. Os Na´Vi são os donos da terra, aqueles que conhecem seus segredos, que dela se alimentam. Mas a terra tem um minério que os exploradores alienigenas (acredite, nós seres humanos, somos os alienígenas agora) querem minerar, uma vez que já exauriram todos os recursos em seu próprio planeta ..... então, adivinha só, os invasores tentam manter contato com os 'nativos', tentam domesticá-los, aprender a língua local e ensinar a língua estrangeira com o intuito, obviamente, de evitar conflitos no momento do início da operação que vai destruir a floresta. É preciso que os Na'Vi aceitem, portanto, os termos de 'reassentamento'.
Em um trecho do filme, o responsável pelo projeto de mineração confronta os cientistas dizendo: " O que mais eles querem? Já conversamos com eles, já lhe demos educação, já lhe oferecemos de tudo .... Joguem algumas bananas e digam pra estes macacos saírem daí para que eu possa fazer meu trabalho."
Mas o que é AVATAR? Segundo o Wikipedia, Avatar é uma manifestação corporal de um ser imortal segundo a religião hindu, por vezes até do Ser Supremo. Deriva do sânscrito Avatāra, que significa "descida", normalmente denotando uma (religião) encarnações de Vishnu (tais como Krishna), que muitos hinduístas reverenciam como divindade. Muitos não-hindus, por extensão, usam o termo para denotar as encarnações de divindades em outras religiões.
No filme, os avatares são seres sintéticos constituídos de DNA humano e Na'Vi. Foram criados para servir de elo entre as duas raças. Jake Sully (Sam Worthington), fuzileiro naval paraplégico, assumi o corpo de seu avatar, vai a floresta, mantem contato com uma Na'Vi, Neytiri, aprende com ela, se apaixona por ela e passa a ser um deles ... ao mesmo tempo em que manda relatórios semanais de tudo que está 'aprendendo' ao exército que comanda a mineração.
Por fim, não há acordo entre os humanos e os Na'Vi, inicia-se a destruição da floresta. É hora de Jake Sully se posicionar e ele fica, como avatar, do lado dos nativos ensinando novos métodos de combate que deem conta da artilharia pesada dos humanos.
Não vou contar mais do filme porque se não estraga .... Mas quais são as semelhanças entre a história do filme e a vida na África? Muitas.... os alienígenas invasores aqui são as grandes companhias de extração e mineração .... os africanos são os Na'Vis, são os nativos, aquele que devem ser 'educados', 'reassentados', aqueles que devem concordar com os termos ..... a diferença é que, na África, as explorações e minerações só são possíveis com o aval do próprio governo .... o governo dá a concessão, ele estipula as regras junto com as empresas e a ONU para evitar o sofrimento do povo, para evitar que a mudança seja definitiva em termos culturais e de sobrevivência. Bom, deveria ser assim .... será que é assim mesmo que acontece? Os membros dos governos são africanos, mas também são humanos, sujeitos a tentações, sujeitos a deslizes em nome de enriquecimento pessoal. E a ONU, será que consegue fazer seu papel nos países africanos? E aqueles que são os 'avatares', os ongeiros, aqueles que entram na realidade do povo, que aprendem seus costumes, que participam de suas vidas? Será que na hora de 'tomar partido' eles se juntam realmente aos mais fracos?
Não são perguntas retóricas, eu não tenho mesmo resposta a estes questionamentos, mas continuo em busca de respostas, continuo observando e aprendendo.
bom, muito bom fika como tpc para os governantes!!
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