
Nos quatro dias do seminário, foram discutidas questões referentes ao trabalho do professor, ao processo de ensino de leitura e escrita em Língua Portuguesa, às experiências de ensino bilíngue no país, às propostas educaiconais para a conscientização da igualdade de gêneros e aos cuidados com a saúde (combate ao HIV/SIDA e nutrição).
A seleção dos tópicos veio ao encontro da realidade educacional e social moçambicana na qual: 1) grande número de alunos no Ensino Básico e Secundário apresentam graves dificuldades na Língua Portuguesa não sendo capaz de ler e compreender textos simples, 2) o ensino bilíngue começa a ganhar espaço e apresentar seus primeiros resultados, 3) os papéis de homens e mulheres na sociedade ainda é alvo de intensos debates e divergências, 4) há inúmeras denúncias de abuso sexual nas escolas e 5) o índice de contaminação em HIV/SIDA continua a progredir.
A estruturação do seminário em aulas e debates também se mostrou propícia para o desenvolvimento das atividades. Os palestrantes souberam explorar suas propostas pedagógicas com muita habilidade e, além disto, promoveram momentos de trabalho em grupo nos quais os professores tiveram a oportunidade de debater com seus pares para depois apresentar seus pensamentos diante de todos. Desta forma, os conhecimentos teóricos puderam ‘dialogar’ com a prática do professor e sua realidade pedagógica.
O grupo de teatro Kuvubma teve um papel importante no seminário apresentando pequenas esquetes retratando o cotidiano da família e dos alunos moçambicanos, retomando brevemente o conteúdo ministrado pelos palestrantes e convidando os professores ao debate.
Os relatos dos professores, durante os momentos de exposição oral, apontavam para a emergência de um plano de capacitação docente que contemple: 1) as propostas do Novo Currículo para o Ensino Básico Moçambicano, 2) aprimoramento da capacidade de leitura e escrita dos alunos e dos próprios professores, 3) contato com propostas metodológicas inovadoras que extrapolem o ensino tradicional. Creio que para suprir estas necessidades, deve-se organizar novos seminários como este e até mesmo ampliar sua proposta de capacitação com a criação de grupos de estudo sobre o novo currículo Moçambicano, clubes de leitura para professores, momentos de contação de história para os alunos nas bibliotecas.
Da mesma forma, se faz urgente a redução do assombrazo número de alunos nas salas de alfabetização (60, 70, 80 as vezes quase 100), a criação de bibliotecas nas escolas (pra mim, a biblioteca é o coração da escola) e a ampliação de recursos (além do quadro e do giz).
Em suma, foi uma experiência muito interessante poder conhecer melhor a realidade e as opiniões dos professores moçambicanos.
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