quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Falando em problemas políticos .... Notícias de Angola

O que está por trás desta notícia?

" Tragédia! Ataque à Seleção de Togo em Angola provoca uma morte
Campinas, SP, 08 (AFI) - O ataque ao ônibus da delegação de Togo resultou em pelo menos uma morte e seis feridos nesta sexta-feira. Os integrantes da Seleção Togolesa, incluindo dois jogadores, foram atingidos por tiros quando o veículo foi atacado na fronteira da Angola, país que sediará a Copa Africana de Nações a partir deste domingo.
Os feridos foram levados até um hospital de Cabinda, em Angola. O motorista do ônibus, um angolano ainda não identificado, não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com o vice-presidente da Federação Togolesa de Futebol, Gabriel Ameyi, o goleiro Obilale Kossi e o volante Serge Akakpo foram os jogadores feridos. O atacante do Manchester City, Emmanuel Adebayor, principal destaque da seleção, não se machucou, segundo informou a diretoria do clube inglês. Já o clube romeno FC Vaslui, do volante Serge Akakpo, adiantou que o atleta de 22 anos perdeu muito sangue, ao ser atingido por duas balas, mas está fora de perigo no momento. O jogador defendia o Auxerre, da França, no ano passado. O ataque ainda não foi esclarecido pelas autoridades. As primeiras informações dão conta que o ônibus começou a ser metralhado assim que cruzou a fronteira da Angola, vindo do Congo. Segundo Thomas Dossevi, jogador do Nantes, o ônibus estava sendo escoltado pela polícia. "Tudo estava tranquilo e, de repente, estávamos sob fogo pesado", relatou à Rádio Monte Carlo. "Fomos metralhados como cachorros. Eles estavam armados até os dentes. Tivemos que passar 20 minutos debaixo dos bancos do ônibus, enquanto a polícia respondia aos tiros", completou o atleta. O ataque violento à delegação de Togo acontece apenas dois dias antes do início da Copa Africana de Nações. A competição reunirá 16 seleções a partir de domingo. A equipe togolesa fará sua estreia na segunda-feira, contra Gana, em Cabinda. O episódio registrado nesta sexta ocorre também a apenas cinco meses da Copa do Mundo na África do Sul, a primeira a ser realizada no continente. Uma das maiores preocupações da organização do Mundial é justamente a segurança do país, que apresenta altas taxas de criminalidade. " Fonte: http://www.espbr.com/noticias/tragedia-ataque-selecao-togo-angola-provoca-morte
Resposta: aquilo que sempre está por trás de todas as tragédias africanas: os recursos minerais que são benção e a maldição deste povo.
O ataque foi feito pelo grupo separatista angolano que era contra a realização de partidas da competição na região de Cabinda afirmando que a nação está em guerra e que "As armas continuarão falando."
Mas por que há um grupo separatista?
1) Motivos geográficos: Em 1974, interesses políticos levaram Cabinda a continuar integrada a Angola, com a qual não tem fronteiras comuns, desta forma, a província de Cabinda é um enclave, separado do resto do país pela República Democrática do Congo.
2) Motivos políticos: Imediatamente após a independência angolana em 1975, a FLEC - Frente de Libertação do Estado de Cabinda reclamou o direito à independência do território devido às diferenças culturais e economicas.
3) E por fim, o motivo mais óbvio: O petróleo extraído em Cabinda representa cerca de 70% do crude exportado por Angola, e corresponde a mais de 80% das exportações angolanas fazendo com que Cabinda torne-se assim o palco de múltiplos interesses internacionais, e, consequentemente, território que tem sido alvo de constantes violações dos Direitos Humanos.
Capitou a mensagem? Pra que ser parte de um país com o qual nem se tem fronteira e que acaba se carregando 'nas costas'?
O que era pra ser uma benção para a população africana, uma terra fértil em recursos minerais, se torna uma maldição nas mãos de pessoas inescrupulosas e que não dão a mínima para a raça humana.
Aguardem as próximas notícias.... tudo indica que novas tragédias vão acontecer.


Um comentário:

  1. São ainda algumas as entidades não governamentais que resistem à Oferta (mais ou menos) Pública de Aquisição (OPA) levada a cabo, em relação a Cabinda, pelo regime colonial angolano.

    São disso prova a Amnistia Internacional e a Human Rigths Watch que, por regra comprovada no terreno, alertam os governos ditos civilizados (esses sim já rendidos à OPA) que as autoridades coloniais angolanas continuam a prender sem culpa formada e obviamente apenas por delito de opinião, os defensores dos Direitos Humanos em Cabinda.

    Francisco Luemba, um proeminente advogado e antigo membro da extinta organização dos Direitos Humanos Mpalabanda, foi detido no dia 17 de Janeiro e acusado de crimes contra o Estado, em conexão com a publicação em 2008 do livro «O Problema de Cabinda Exposto e Assumido à Luz do Direito e da Justiça» que as autoridades ocupantes alegam agora incitar à violência e rebeldia.

    Permitam-me recordar, com cada vez maior orgulho, a honra que tive em ser o autor do prefácio desse livro de Francisco Luemba,

    O Padre Raul Tati, foi detido no dia 16 de Janeiro e acusado dos mesmos crimes, enquanto Belchoir Lanso Tati, outro antigo membro da Mpalabanda, foi detido a 13 de Janeiro, também acusado de crimes contra o Estado. Tanto o Padre Tati como Belchoir foram porta-vozes das tensões políticas de Cabinda, onde a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) tem liderado uma campanha armada pela independência do território, desde a independência de Angola, em 1975.

    Curiosamente os jornalistas de uma forma geral, os portugueses em particular, têm dificuldade em falar do livro de Francisco Luemba, apesar de editado em Portugal e ter tido duas apresentações públicas, uma em Lisboa e outra no Porto.

    Tal como têm dificuldade em falar da ocupação colonial levada a cabo por Angola. Falam com mias facilidade do Tibete. Compreende-se. A culpa não é dos jornalistas. A culpa é dos donos dos jornalistas e dos donos dos donos que já aceiram a OPA do regime angolano.

    Refira-se que este livro de Francisco Luemba é uma completa enciclopédia sobre Cabinda, território que ontem foi protectorado português, que hoje é uma colónia de Angola, mas que um dia será um país.

    Do ponto de vista histórico, documental e científico o livro de Francisco Luema é a melhor obra que até hoje li sobre Cabinda.

    Espero, por isso, que tanto os ilustres cérebros que vagueiam nos areópagos da política portuguesa como os que se passeiam nos da política angolana, o leiam com a atenção de quem – no mínimo – sabe que os cabindas merecem respeito.

    Verdade é que o governo colonial angolano continua a impor em Cabinda a mesma regra que a sua congénere portuguesa impunha em Angola antes do 25 de Abril de 1974: prender todos aqueles que fossem contra as injustiças do regime.


    É claro que as autoridades coloniais angolanas aproveitaram o incidente com a equipa de futebol do Togo para tentar arrasar, de uma vez por todas, aqueles que em Cabinda (e não só) entendem que devem lutar pacificamente pela sua causa.

    As autoridades coloniais angolanas detiveram pelo menos oito homens desde o ataque, alegando à velha maneira das antigas potências coloniais «crimes contra a segurança do Estado», não se coibindo de tratar essas pessoas como terroristas.


    Relembre-se, até porque o Alto Hama não aceitou a OPA..., tantas vezes quantas forem necessárias, que, no passado dia 26 de Janeiro, em Bruxelas, o padre Casimiro Congo disse algo que define sublimemente os cabindas e que as autoridades coloniais angolanas nunca deverão esquercer: “Diante de Deus, de joelhos; diante dos homens, de pé”.

    Jorge Casimiro Congo lamentou também a posição do Governo português (já rendido à OPA), de condenar apenas o que classificou como um ataque terrorista durante a Taça das nações Africanas (CAN), afirmando que “Portugal é o ultimo a falar, não deve ser o primeiro a falar”.

    E Porquê? Por que “Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”.

    Orlando Castro

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