sexta-feira, 28 de maio de 2010

VOO GUARULHOS - JOHANNESBURG

Meu marido não gosta muito de futebol (eu sei.... tirei a sorte grande). Aliás, não gosta e não entende muito. Esta semana ele estava no voo Guarulhos/Joburg. Veja a descrição dos acontecimentos:
"O voo atrasou pq as estrelas de tv estavam embarcando: ernesto paglia, a moça do globo esporte e eu nunca vi tanto cameraman junto. Eles todos se conhecem e o voo pareceu mais uma confraria do assunto mais culto e interessante do momento: a escalação do dunga. A dada altura não aguentei e disse: Conversei muito com robinho e ele está muito otimista, inclusive com a recuperacão do kaka (uahahah, nem sei se essa recuperacao eh do joelho, de uma noite c travecos ou se ele deu todo o salario pra igreja!!), mas foi um comentário contundente. Seguido de um: Com essa escalação de retranca, vai ser um jogo chato, alem de q a regra básica eh q quem nõo faz, leva! - percebi q analisar jogos de futebol pode ser fácil."
Ele não é uma graça? Parece que vai dar certo: JOGO BRASIL vs PORTUGAL em 25 de junho.... aí vamos nós!!!!!!!!!!!! 3 horas de avião até Maputo .... 8 horas de van até Durban!!!!

CROCODILOS MATAM 14 PESSOAS EM TETE

Maputo (AIM)- Pelo menos 14 pessoas morreram vitimas de ataques de crocodilos no distrito de Changara, província central de Tete, em Moçambique.

Acreditem se quiser... esta é a notícia 'completa' vinculada sobre morte de 14 moçambicanos no site do Ministério da Saúde de Moçambique. O que a notícia não explica é que, mesmo sabendo que há crocodilos nos rios, a população se 'aventura' a tomar banho e lavar roupa porque não tem acesso a água encanada em suas casas. Da mesma forma, a notícia não relata que os moçambicanos acreditam que os crocodilos atacam apenas as pessoas que foram amaldiçoadas por feitiços. Então, se ninguém te amaldiçoou com um feitiço, não há problemas em nadar nos rios.
Imagina se um estrangeiro, melhor, um brasileiro fosse morto por crocodilo. Depois da revolta, certamente a história ia virar piada. No mínimo a pessoa seria ponto de referência na família .... sabe aquela tia? Aquela que é mãe da nossa prima que morreu comida por crocodilo na África ..... eta morte mais sem classe.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

CERCADA PELA POBREZA

Quando me perguntam sobre como é morar em um país em que o índice de pobreza é tão elevado, eu costumo dizer que "a gente acaba se acostumando". Em  Moçambique, não há aquela coisa do Brasil de bairros pobres e bairros ricos. Uma mansão pode estar exatamente ao lado de uma palhoça onde não há água encanada ou qualquer tipo de conforto. O bairro onde moro não é asfaltado, em tempos de chuva, criam-se piscinas nas ruas que só caminhonetes 4X4 conseguem ultrapassar. Não há supermercados em Tete, a população compra comida em barracas nas ruas e para os visitantes, como nós, há apenas lojinhas que cobram um preço exorbitante porque sabem que os 'brancos' estão acostumados com aqueles produtos e podem pagar mais por eles. O 'sacolão/peixaria' é um local onde se aglomeram mulheres com os produtos de suas machambas, umas vendem, outras cozinham para todas e outras dormem no chão. É uma mistura de cores, cheiros e pessoas que atordoa quem não está acostumado. Mas a grande verdade é que, quando se vê a pobreza de perto todos os dias, ela passa a fazer parte do cotidiano, ela passa a ser parte do cenário. Entretanto, as vezes, acontecem coisas que são como um tapa na cara, coisas que nos tiram o chão e fazem com que, pelo menos por algum tempo, lembremos que pobreza não é algo com que se acostume, pobreza é infelicidade. Vou relatar alguns tapas na cara que levei aqui.

A FILHA DA EMPREGADA DA VIZINHA
Ouvi a vizinha comentando que sua empregada estava faltando ao trabalho há uma semana porque sua filha estava doente. Na semana seguinte, encontrei com a Sra em frente a minha casa e perguntei como estava sua filha. Ela disse que ainda não tinha se recuperado. A menina tinha o pescoço duro e não conseguia pender o pescoço para frente. O médico havia dito que era uma doença que começava com M, mas ela não se lembrava muito bem do nome. Quando ela disse isto, senti que fiquei pálida, ela deve ter reparado. Insisti que ela lembrasse o nome da doença e depois de muito pensar ela disse o que eu achava que ia dizer: MENINGITE. Acho que de pálida, fiquei rosa, ela reparou. Perguntei se ela sabia o que era meningite, quais os medicamentos que o médico havia receitado ... ela disse que a menina havia tomado umas pílulas de alguma coisa (provavelmente paracetamol, que é o medicamento que geralmente se dá nos hospitais aqui). Disse a ela que meningite era uma doença muito séria e que ia conversar com a patroa dela para que ela prestasse auxílio a criança. Isto era uma quinta, viajei na sexta, voltei no domingo. A criança havia morrido no sábado. Quando me contaram senti meu rosto ferver, como quem leva um tapa na cara. Hoje, após duas semanas ela voltou ao trabalho. Foi dar meus pêsames a ela. Sua filha tem a mesma idade do meu filho. O pior é que ela acredita em feitiços, nem o consolo cristão de que sua filha agora é um anjo a consola pois não é nisto que ela acredita.

AS ROUPINHAS DAS FILHAS DA DONA KINEDI
Quando cheguei em Moçambique, comprei algumas capulanas e cortei em pedaços para forras as gavetas dos armários. Um dia, encontrei plásticos para comprar e decidi forrar novamente as gavetas. Acabei guardando todos estes recortes de capulanas pensando que um dia poderia ser útil para alguma coisa. Em uma das faxinas, Dona Kinedi abriu esta gaveta e perguntou para que serviriam aquelas capulas. Respondi que não sabia se utilizaria novamente aqueles recortes, que, se ela quisesse poderia levar. É claro que ela levou. Pensei que faria uma toalha ou forraria algum móvel, sei lá. Em um dos meus passeios de bicicleta, acabei passando perto da casa da Dona Kinedi. Ela saiu correndo pra me apresentar os sete filhos. Quando olhei para as crianças, fiquei paralisada. Todas elas vestiam roupas feitas dos recortes das capulanas que um dia forraram as gavetas do armário. Dava pra ver que eram costuras precárias, mas fiquei comovida com o vestidinho da filha menor que tinha até babadinhos. De novo, senti meu rosto ardendo. Mas um tapa na cara oferecido pela pobreza e pela realidade Moçambicana.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

MÉDICOS SEM FRONTEIRA EM MOÇAMBIQUE - REVISTA VEJA / MARÇO 2010

VEJA Edição 2154 / 3 de março de 2010/ Medicina


Eles fazem diferença
Naiara Magalhães, de Maputo

Com criatividade, disposição para o trabalho e experiência no atendimento às doenças típicas das regiões pobres, os brasileiros ganham destaque na organização Médicos Sem Fronteiras e viram referência nas missões espalhadas pelo mundo

Com 20 milhões de habitantes, Moçambique, na costa oriental da África Subsaariana, é um dos mais preocupantes focos do vírus HIV em todo o mundo. Nos grandes centros, como a capital, Maputo, ou a cidade de Tete, a aids se faz presente em toda parte. Nas ruas, é raro cruzar com pessoas mais velhas. A expectativa de vida no país é de 47 anos para os homens e de 49 para as mulheres. Ao lado de outras doenças epidêmicas, os outdoors não deixam esquecer: "O que tiveste na tua última relação sexual: amor, sexo ou HIV?". Cartazes sobre cuidados com as crianças não reforçam apenas a importância da vacinação contra as afecções típicas da infância. Num deles, na legenda da fotografia de uma garotinha acompanhada pelos pais, lê-se: "Eu já vou fazer o teste do HIV". Um em cada sete adultos moçambicanos está contaminado – o equivalente a 15% dessa população. Em algumas regiões, como a de Maputo, o índice é de um em quatro habitantes. Para se ter uma ideia do tamanho da tragédia, no Brasil, a taxa de contaminação pelo HIV é de menos de 1%. Até pouco tempo atrás, muitos moçambicanos nunca haviam ouvido falar em aids. Para eles, seus parentes e amigos morriam vítimas de alguma feitiçaria. Ainda hoje é comum que os doentes recorram aos curandeiros na esperança de cura.

Em um país dilacerado pela miséria e por quase trinta anos de guerra encerrada apenas em 1992, a precariedade do acesso aos cuidados básicos de saúde e a falta de informação sobre prevenção e tratamento compõem o cenário ideal para a disseminação do HIV. Metade dos quase 100 000 mortos pela doença todos os anos tem entre 30 e 44 anos – está na plenitude produtiva. O país padece da falta de profissionais qualificados. O número de médicos em Moçambique não ultrapassa os 500. O de curandeiros, entretanto, supera os 70 000. Por isso, a ajuda estrangeira é crucial na luta contra a aids – tanto do ponto de vista financeiro quanto da mão de obra especializada.

A primeira e maior organização humanitária a desenvolver projetos de combate ao HIV em Moçambique foi a Médicos Sem Fronteiras (MSF), em 2001. Prêmio Nobel da Paz de 1999, a MSF foi fundada em 1971, por médicos e jornalistas franceses, e hoje conta com 27 000 profissionais, entre médicos, enfermeiros, psicólogos, arquitetos, administradores, economistas e engenheiros. Ela atua em 65 países conflagrados ou em situação de emergência sanitária (veja o mapa). Atualmente, a equipe da MSF em Moçambique é composta de 31 profissionais – sete dos quais brasileiros. Esses médicos e enfermeiras têm um perfil ideal para o trabalho desenvolvido pela instituição, porque ainda lidam por aqui com doenças típicas de países pobres, como tuberculose, malária e leishmaniose visceral. "No Brasil, muitos médicos não apenas estudaram tais moléstias como tiveram a experiência de tratá-las", diz Simone Rocha, diretora executiva da MSF-Brasil. Soma-se a isso o traquejo dos brasileiros para atender as populações mais carentes, de baixo nível educacional. "Eles sabem como transmitir uma mensagem de jeito simples para que o paciente consiga seguir o tratamento", diz o coordenador de um dos projetos da MSF em Moçambique, o enfermeiro inglês Christopher Peskett. Moçambique não é apenas o país com o maior número de brasileiros atuando na MSF, mas é também onde o Brasil faz escola.

Um dos projetos mais bem-sucedidos é o da médica paulista Raquel Yokoda, de 29 anos. O programa desenvolvido pela jovem vem ajudando a mudar um dos cenários mais cruéis da aids em Moçambique – o das crianças portadoras do HIV. Atualmente, 147 000 meninos e meninas de até 14 anos estão contaminados. As crianças entre zero e 4 anos mortas pela aids chegam a inacreditáveis 19% de todos os óbitos registrados pela doença. Com uma ideia extremamente simples, em seis meses Raquel conseguiu reduzir a taxa de mortalidade infantil em 80% no Hospital Dia de Moatize, nos arredores da cidade de Tete, no centro do país. Ela transformou a sala de espera num lugar acolhedor para as crianças – uma espécie de brinquedoteca, decorada com motivos infantis. Com isso, ir ao médico passou a ser uma diversão para meninos e meninas que vivem em estado de miséria. Ajudada por moradores locais, Raquel adaptou histórias e jogos infantis à cultura moçambicana para explicar às crianças que elas são portadoras de uma doença que requer cuidados para toda a vida. Como o idioma oficial, o português, é falado por apenas 40% da população, as cartilhas de Raquel tiveram de ser traduzidas para o dialeto nhungue, característico da região.

Numa das histórias para as crianças de 5 anos, a aids é simbolizada pela mudança da cor do pelo dos leões. Doente, uma leoa vai atrás dos conselhos de um velho hipopótamo. O tratamento prescrito: a água de um mar vermelho, as folhas verdes das árvores e os raios de sol, todos os dias, para sempre. Ela morre, mas recomenda a seu filhote, o simpático leãozinho Bekhi, que siga à risca as orientações do sábio hipopótamo. Ele obedece e consegue crescer forte e feliz. "Os pais têm muita dificuldade para contar a seus filhos que eles são portadores do HIV, e que terão de seguir um tratamento até o fim da vida", diz Alain Kassa, coordenador-geral da missão da MSF em Moçambique. "O projeto de Raquel mudou esse processo, aumentando a participação das crianças no tratamento." As cartilhas da jovem médica servem hoje de referência em todos os países de atuação da MSF. "Nós só conseguimos fazer um bom trabalho quando entendemos e usamos a cultura local para nos aproximar dos pacientes", explica Raquel. Ela voltou para o Brasil no fim de 2007, e agora cabe à historiadora goiana Wânia Correia, de 33 anos, dar continuidade ao projeto.

Uma das grandes inspirações para Raquel foi Laura Lichade, enfermeira moçambicana de 56 anos, com quem trabalhou ao longo de sua estada na África. Durante a guerra civil, enquanto fugia de um tiroteio, Laura pisou no estilhaço de uma mina. Por causa das complicações do ferimento, em 1994, teve o pé esquerdo amputado. Apesar de todas as adversidades, ela se dedica a cuidar de 56 bebês, crianças e adolescentes órfãos. Seis deles vivem na casa de Laura, com paredes de barro e chão de terra batida. Os demais, em um orfanato próximo. Laura fez com que todos fossem testados para o HIV e recebessem o tratamento adequado. Em Moçambique, 1 milhão de crianças não têm mãe. Delas, 400 000 ficaram órfãs por causa da aids. "Costumo dizer às crianças com HIV que os remédios são como as minhas muletas, que me mantêm de pé", conta ela. "Se elas acharem que podem parar o tratamento porque estão se sentindo bem, cairão, como eu caio sem as minhas muletas."

Cerca de 70% dos moçambicanos estão nas áreas rurais. Vivem da agricultura de subsistência nas machambas, como são chamadas as pequenas propriedades agrárias. Os centros de saúde e os hospitais ficam longe e a condução de ida e volta é cara – 200 meticais, o equivalente a 12 reais. Curandeiros, por sua vez, há por toda parte. Um dos rituais mais comuns no caso de doentes graves é a tatuagem. São feitos cortes de meio centímetro de comprimento nos braços e pernas dos pacientes, e uma mistura de raízes trituradas é aplicada sobre os ferimentos. As lâminas são reutilizadas e os potes de ervas compartilhados entre várias pessoas. Ou seja, a tatuagem é fonte de disseminação do HIV.

Somente quando se dão conta de que as ervas e os banhos dos curandeiros não funcionam, os moçambicanos recorrem aos médicos. Algumas pessoas chegam a caminhar 15 quilômetros até o hospital mais próximo, muitas vezes descalças, sob temperaturas impiedosas. Ao circular pela área rural de Tete, no início de uma tarde de verão, tem-se a sensação de que há alguma queimada por perto. Mas não há vegetação em incêndio, apenas o sol que arde sobre a terra batida. Até resolver ir ao hospital, o militar aposentado Kaneti Chavunda, de 67 anos, sofreu durante quase um ano com uma tosse persistente e uma lesão dolorida nos pés e nas pernas – quadro característico do sarcoma de Kaposi, o câncer mais comum entre os soropositivos. De sua casa ao Hospital Provincial de Tete, ele viajou duas horas na boleia de um caminhão. Em 25 minutos, Chavunda recebeu o diagnóstico positivo para o HIV. Não demonstrou angústia nem desespero. Olhar parado, em voz baixa, ele comentou: "Vou fazer o que os médicos mandam". Essa é uma reação comum. Como a maioria das pessoas da zona rural, ele parecia não ter a dimensão da gravidade da notícia que acabara de receber.

Os testes rápidos de HIV e as orientações sobre prevenção e tratamento são conduzidos pelos chamados conselheiros – moradores locais treinados pela equipe da MSF. Dessa forma, os poucos enfermeiros e médicos disponíveis podem se dedicar a atividades de maior exigência técnica. Uma das enfermeiras responsáveis pela formação dos conselheiros é a paulista Eliana Arantes, de 33 anos, há nove meses em Moçambique. Um de seus parceiros de trabalho mais experientes é o local Felisberto Dindas, de 36 anos. Ele lembra com precisão a data em que entrou para a MSF, a fim de trabalhar como segurança: 23 de outubro de 2001. Naquele dia, sua vida mudaria em vários aspectos. A princípio, representava a conquista de um bom emprego. Um ano depois, Dindas foi convidado a se tornar conselheiro. "Eu tenho facilidade para me comunicar e conheço muita gente", diz, com orgulho. Foi também graças ao trabalho na MSF que ele foi diagnosticado como soropositivo. Conselheiros com o perfil de Dindas são sempre bem-vindos. Só quem tem o vírus sabe como é receber a notícia do HIV. Só quem vive em Moçambique conhece as dificuldades de seguir o tratamento. Só quem consegue conviver com a infecção, sem cair doente, é capaz de passar a importância da prevenção e do tratamento.

A precariedade do sistema de saúde em Moçambique é aterradora. Acompanhar um dia de trabalho da enfermeira paranaense Janaína Carmello é recuar meio século na história da medicina. Aos 28 anos, ela é responsável pelo atendimento a grávidas no Centro de Saúde de Domué, na zona rural do distrito de Angónia, no noroeste do país. Sua principal missão é diminuir os riscos da transmissão vertical: a contaminação do bebê por sua mãe. Em suas consultas, não há aparelho de ultrassom ou sonar. A enfermeira tem de trabalhar com a fita métrica e o estetoscópio de Pinard. A fita serve para medir a barriga da mãe e calcular a idade gestacional do feto, já que a maioria das gestantes não tem ideia de quando engravidou. Em geral, elas só procuram assistência médica no sexto mês de gravidez. O estetoscópio, desenvolvido no início do século XIX, que Janaína só conhecia dos livros de história da medicina, é usado para medir os batimentos cardíacos do feto. Janaína encosta a boca do instrumento na barriga da gestante, aproxima o ouvido na outra ponta do estetoscópio e ouve o coraçãozinho na barriga da mãe. Enquanto nos países desenvolvidos uma mãe soropositiva é desaconselhada de amamentar seu bebê, de modo a reduzir o risco de infecção da criança, em Moçambique Janaína recomenda que o aleitamento materno seja feito até os 6 meses. "Aqui, as mães não têm condições mínimas de higiene para preparar o leite artificial, ainda que você o forneça. As crianças ficam com diarreia, perdem peso, adoecem e podem até morrer", diz ela. Ainda assim, quando as mulheres soropositivas seguem o tratamento à risca, a transmissão vertical do HIV é reduzida.

É dessa forma, com pequenas vitórias, que se trava o combate contra a aids em Moçambique. Desde a chegada da MSF, o número diário de novas contaminações caiu de 500 para 440. Pode parecer pouco, mas é uma grande conquista em se tratando de um país da África Subsaariana. E os brasileiros, como Raquel, Wânia, Eliana e Janaína, fazem a diferença em um universo tão esquálido.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

LAGO NIASSA/ LAKE MALAWI

O Malawi é um país longo e estreito praticamente encravado entre Moçambique, Zâmbia e Tanzânia. Um dos seus maiores atrativos turísticos é o Lake Malawi com aproximadamente 600Km de comprimento na fronteira leste do país. O lago é o terceiro maior da África e pode ser visto a olho nu por astronautas em órbita.
Saímos de Tete as 5h30 da matina e seguimos para o Malawi. Após 4 horas de viagem, chegamos a fronteira e enfrentamos o costumeiro abuso que os turistas brancos sofrem em alfândegas africanas. Tudo bem, já estamos nos acostumando. Mais 1 hora e começamos a vislumbrar um cenário realmente surpreendente de montanhas. Mais 1 hora e chegamos ao Cape Maclear, um dos refúgios para turistas.


Encontramos nosso lodge e ficamos ainda mais surpreendidos com a  beleza do local. No dia seguinte, saímos em um barco com nossos guias e nos aventuramos pelo lago fazendo snorkelling e vendo peixes das cores mais variadas. De fato, uma peixão foi o nosso almoço preparado por um dos nossos guias em uma das ilhotas do lago. Tudo bem que ficamos com medo da comida quando vimos as panelas e os pratos, mas abençoamos tudo em nome de Jesus e mandamos ver.... estava uma delícia. Depois do almoço, na volta para o lodge, os guias pararam perto de algumas árvores e começaram a assobiar. Ouvimos uma resposta. Um dos guias jogou um peixe próximo ao barco e do meio da mata surge uma águia aplainando no ar como se estivesse em câmera lenta. Ele pegou o peixe e voltou para a mata. Foi inacreditável, a beleza daquele pássaro. No dia seguinte, andamos de caiaque, nadamos no lago, tivemos até uma bandinha local de crianças cantando pra nós. E o pôr do sol.... lindo!!!!! Foram três dias muito especiais.

CURIOSIDADE: Há uma disputa em relação ao nome do lago. Como pode-se ver no mapa, Moçambique e Tanzânia fazem divisa com Malawi pelo lago e nestas regiões ele é conhecido como Lago Niassa. É claro que todos os países querem ter um pedacinho desta maravilha. Quem não ia querer?

terça-feira, 11 de maio de 2010

'ILHADOS' NO NORTE DE MOÇAMBIQUE


NOTÍCIAS EM 04/05/2010


Avaria nas telecomunicações "parou" centro e norte do país
A avaria da rede de comunicações de fibra óptica que ocorreu há uma semana continua a afectar as regiões centro e norte de Moçambique e a impedir o funcionamento normal das instituições e empresas. Não há comunicações de voz e de dados seguras e já se sente uma enorme perturbação em quase todos os sectores, designadamente bancos.
O cabo de fibra óptica está danificado a cerca de 110 km. de terra e 35 metros de profundidade, entre Vilanculos, na província de Inhambane, e a cidade costeira da Beira.
O corte no cabo, que ainda não foi explicado devidamente como terá ocorrido, paralisou os serviços telefónicos e de internet. Os bancos não conseguem fazer operações. O sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) está também fora de serviço. Os funcionários do Estado ainda não receberam os seus salários. “Esta situação parou a vida de muita gente. Foi exactamente no momento em que estavam a ser processados os salários que o SISTAFE parou de funcionar. Estamos dependentes do sistema, caso contrário vamos ter que passar fome”, disse à agência noticiosa portuguesa Marcelino Sucutai, funcionário da Migração, de acordo com um despacho da Lusa em Lisboa.
De acordo com o órgão português a avaria atinge também os comerciantes: “As vendas baixaram muito. Estamos quase sem clientes esta semana, porque as pessoas não podem comer sem dinheiro”, explicou José Mateus, sub-gerente do centro social da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM) em Manica. “Nós inclusive ainda não temos salários porque os bancos não podem processar cheques”. Marcelino Luís, vendedor no mercado Josina Machel, em Chimoio, capital da província, disse ainda à Lusa que “a avaria trouxe um grande prejuízo, porque as vendas baixaram tanto esta semana que já não consigo sustentar as cinco pessoas que dependem deste negócio”.
Algumas caixas automáticas (ATM) dos bancos com representação na província de Manica começaram a “ressuscitar” ao fim do dia de sexta-feira mas as dependências não estão a efectuar transacções com cheques devido à avaria. Três equipas de técnicos das províncias de Maputo, Sofala e Manica têm estado a trabalhar em Chimoio, para minimizar o problema, procurando vias alternativas para retomar os serviços básicos. “Estamos ainda a trabalhar, para pelo menos dentro do possível retomarmos os serviços básicos, as ATM, Internet e o SISTAFE. Quanto ao telemóvel pelo menos activar o serviço de SMS enquanto aguardamos o serviço de voz depois da reparação da avaria”, disse à Lusa Jimo Mabanga, director da TDM para a área operacional de Chimoio.
A Mcel só tem estado a ser útil na transmissão de mensagens (sms). A Vodacom, a outra operadora de telefonia móvel existente em Moçambique tem estado a prover o serviço de voz, usando comunicações por satélite como meio alternativo. As TDM, a empresa de telefonia fixa e que opera a fibra óptica, está totalmente fora de serviço nas comunicações com subscritores a norte de Vilankulo.
Refere a Lusa no seu despacho que o funcionamento da rede Vodacom está a gerar oportunismo entre os revendedores, sobretudo informais, dos pacotes iniciais e recargas, que triplicaram de preço, passando dos anteriores cinco meticais (12 cêntimos do Euro) para 15 a 20 meticais (36 a 48 cêntimos do Euro).
As Telecomunicações de Moçambique (TDM) ainda não explicaram o que terá originado a avaria. Há informações segundo as quais o cabo foi cortado por um arrastão de pesca mas especialistas duvidam que seja possível por arrasto rebentar-se um cabo de fibra óptica “plantado”no fundo do mar.
As TDM já anunciaram que não terão possibilidades de repor a normalidade das comunicações antes de quatro semanas. (Redacção / Lusa)
CANALMOZ – 04.05.2010


NOTÍCIA EM 11/05/2010


Reparada fibra óptica da TDM
A FIBRA óptica da TDM, que sofreu um corte no troço entre Vilankulo e Beira, provocando a interrupção nas comunicações de voz, dados e internet, nas zonas Centro e Norte do país, desde 26 de Abril, foi reparada domingo passado, segundo um comunicado daquela empresa ontem recebido na nossa Redacção.
Maputo, Terça-Feira, 11 de Maio de 2010:: Notícias
Com uma previsão inicial para a reparação do dano fixada em quatro semanas, foi possível concluir-se o trabalho em menos tempo, duas semanas, devido ao facto de ter sido localizado um fornecedor de serviços, cujo barco se encontrava a realizar trabalhos de reparação de um outro cabo no Oceano Índico, nas proximidades da costa moçambicana e que se prontificou a realizar a operação no cabo da TDM. Recorde-se que o corte no cabo submarino da fibra óptica localizava-se no alto mar, há 110 quilómetros de Vilankulo e a 35 metros de profundidade. Entretanto, a TDM continua a desenvolver o projecto de redundância da fibra óptica, cujo troço entre Maputo e Beira estará concluído em Julho deste ano, advindo daí uma maior fiabilidade nas comunicações, pela existência de rotas alternativas.

Só tenho algo a declarar.... NINGUÉM MERECE!!!!!!!!!!!!!!!!!! Sem internet, sem celular, sem dinheiro, sem contato com amigos e familiares!!!! Eta...fim do mundo!!!!